Mon, Oct 23, 2017

Pesquisa Aponta Baixo Índice De Confiança Das Empresas Brasileiras Em Seus Controles Anticorrupção

Maior descrença é na habilidade em identificar violações por terceiros; 97% das companhias reportaram problemas com cadeia produtiva no último ano, mas apenas 26% monitoram todos os parceiros.

São Paulo – A confiança das empresas em seus próprios controles anticorrupção é pequena no Brasil, em particular sobre parceiros da cadeia produtiva própria e dos de alvos de aquisição. Essa é uma das conclusões do Anti-Bribery and Corruption Benchmarking Survey (ABC Report), estudo anual da consultoria Kroll, líder global em gestão de riscos e investigações corporativas.

Realizado em parceria com o Instituto Ethisphere, o trabalho é produzido a partir de entrevistas com executivos de nível sênior de diferentes setores da economia que lideram ou estão envolvidos diretamente com compliance, combate à corrupção e ética empresarial. 

Na edição deste ano, 158 profissionais brasileiros participaram, sendo 87 representantes de companhias públicas, 61 de empresas privadas e 10 de organizações sem fins lucrativos. A maior parte da amostra (29%) é de empresas com receita média entre R$ 5 bi a R$ 25 bi.

Conforme os resultados, o maior desconforto diz respeito a terceiros. Um a cada três respondentes (33%) afirma não confiar na habilidade de sua empresa em identificar potenciais violações a leis anticorrupção por pessoas ou entidades com quem mantém negócios. 

A percepção se justifica. Na maioria dos casos (21%), há relação comercial com 5 a 25 mil terceiros anualmente e 97% dos entrevistados reportaram pelo menos um problema com eles no último ano.

“Isso evidencia que soluções preventivas, como due diligence anticorrupção e investigações na cadeia produtiva, precisam evoluir no país”, afirma Fernanda Barroso, diretora geral da operação brasileira da Kroll.  

Também baixa é a crença na descoberta de ilícitos envolvendo parceiros de empresas alvo no mercado. Cerca de um a cada cinco participantes não acredita na eficácia da verificação pré-aquisição feita, fato ainda mais preocupante porque 73% das companhias representadas realizaram operação de M&A ou investimentos no último ano. 

Segundo Barroso, a desconfiança pode ser explicada por diferenças de rigor na coleta de informações de terceiros. “Em geral, as empresas dedicam alguma atenção, embora insuficiente, na revisão de sua cadeia produtiva, mas muito pouca ou nenhuma na de potenciais objetos de investimento”, explica. 

De acordo com os entrevistados, a observância de direitos humanos e condições de trabalho, por exemplo, estão entre as informações coletadas em 23% das revisões de seus próprios parceiros, mas apenas em 7% das que envolvem terceiros de empresas alvo de aquisição.

Dados

Recolhidos ao revisar seus próprios terceiros

Recolhidos ao revisar os terceiros de um alvo de transação

Informação patrimonial

63%

27%

Localização

56%

21%

Reputação comercial geral

56%

20%

Exposição política e/ou propriedade ou controle estatal

54%

15%

Histórico em conformidade, ética e litígios

51%

16%

Documentação de política empresarial

35%

13%

Programa de treinamento de funcionários

30%

9%

Direitos humanos e condições de trabalho

32%

7%

Programas de segurança cibernética e da informação

23%

6%

Auditorias e monitoramento permanente são os principais meios de elucidação de questões na cadeia de produção, com 51% e 47% das indicações, respectivamente, mas só 26% dizem acompanhar sistematicamente todos os parceiros. A maioria (52%) prioriza aqueles de maior risco.  

Os principais temores dos entrevistados brasileiros são com problemas reputacionais e com questões como o pagamento de propina. “O compromisso de estabelecer e apoiar esforços contra suborno e corrupção é uma das melhores maneiras para uma empresa proteger-se contra danos reputacionais. Isso não só protege as organizações, mas também a integridade dos negócios globais”, comenta a diretora geral da Kroll.

Sobre a Kroll
A Kroll é líder mundial em gestão de riscos e investigações corporativas. Há mais de 40 anos, ajuda seus clientes a tomarem decisões sobre negócios, pessoas e ativos, por meio de uma ampla gama de serviços para prevenir e mitigar riscos. 

Informações para a imprensa:
Fundamento RP
Daniel Fernandes | [email protected] | 11 5095 3890
Ana Amaral | [email protected] | 11 5095 3862