Segundo relatório da Kroll, executivos de Compliance acreditam que os riscos de suborno e corrupção nas empresas serão ainda maiores em 2016.
No Brasil a operação Lava-Jato impulsionou medidas de proteção pelas empresas muito mais do que a Lei Anticorrupção, comenta Glen Harloff, diretor geral da Kroll para América Latina e Caribe.
São Paulo - A Kroll, líder mundial em soluções de risco, acaba de lançar edição 2016 do seu ABC (Anti-Bribery and Corruption) Report, produzido em parceria com Instituto Ethisphere. O relatório mostra que 54% dos respondentes sentem que suas empresas não estão em conformidade com os riscos globais de suborno e corrupção e 40% dos executivos de Compliance entrevistados acreditam que os riscos de suborno e corrupção de suas empresas irão aumentar em 2016. Os respondentes – em sua maioria profissionais de nível sênior que atuam nas áreas de ética, compliance e anticorrupção - citaram dois fatores que desempenham um papel fundamental para o aumento de riscos: um número cada vez maior de contratação de terceirizados e a expansão global.
Um em cada quatro respondentes da pesquisa não expressou confiança na capacidade dos controles atuais de sua empresa para detectar violações de leis anticorrupção por terceiros. Outro dado do report mostra que 47% relatam que não têm recursos suficientes para apoiar os esforços anticorrupção da sua companhia. Esse quadro é alarmante, dado o número crescente de relações terceirizadas e ao fato de que 75% dos casos estrangeiros de suborno envolvem pagamentos através de terceiros. O volume de terceiros contratados pelas empresas continua a ser elevado. Segundo estudo recente realizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Brasil 91% das organizações contratam empresas terceiras, principalmente, para reduzir custos. O mercado terceirizado totaliza 12,7 milhões de pessoas.
Por outro lado, o engajamento de diretores e executivos sênior em medidas anti-suborno e corrupção aumentou - 47% dos entrevistados afirmam que seu conselho de administração participa ativamente no desenvolvimento de programas voltados a essas questões e 48% dizem o mesmo de seus CEOs. Os dados do ABC Report revelam que as empresas com equipes de liderança engajadas estão mais propensas a acreditar que os seus riscos de suborno e corrupção permanecerão os mesmos ou diminuirão no ano que vem, além de exibirem mais confiança em sua capacidade de lidar com esses temas.
Segundo Glen Harloff, diretor geral da Kroll para América Latina e Caribe, as empresas brasileiras passaram a se mobilizar para implantar medidas de proteção contra riscos de suborno e corrupção muito mais pelo cenário atual da operação Lava-Jato. As investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal levaram muitas companhias a repensarem seus controles internos para evitar essas ameaças. Muito mais até do que a implementação da Lei 12.846/2013, chamada de "Lei Anticorrupção".
Outro fator citado pelos respondentes como motivo do aumento dos riscos é a expansão global, especialmente por meio de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês). No Brasil, foram registradas 1017 transações, entre anunciadas e concluídas, que movimentaram aproximadamente R$ 241,6 bilhões, no ano passado, segundo o Relatório do quarto trimestre de 2015 elaborado pelo Transactional Track Record (TTR) em colaboração com a Merrill Datasite. O número é maior do que o de 976 registrado em 2014. Até fevereiro desse ano, já foram contabilizadas 44 transações. No entanto, o relatório da Kroll aponta que pouco mais de 25% dos entrevistados afirmaram que não têm medidas ou programas anticorrupção para M&A ou outros alvos de transação corporativa.
"A experiência da Kroll indica que na maior parte dos processos de fusão, os profissionais de Compliance não são consultados com antecedência no processo de transação, a tempo de exercerem uma influência significativa nas decisões criticas de negócios. A maior participação desses profissionais seria uma forma de minimizar os riscos inerentes”, diz Glen.
Vale ressaltar que dentre os 267 respondentes, 46% representam empresas privadas, 43% empresas públicas e 11% representam organizações sem fins lucrativos. A maioria - 52% - tem sede na América do Norte. Entre os entrevistados, 11 tem sede no Brasil, 108 tem operações e 114 afirmam conduzir negócios no país. O relatório também abordou uma variedade de setores. Do total de entrevistados, o maior setor representado foi o de serviços empresariais (14%), seguido por serviços financeiros e manufatura (13 % cada).
O ABC Report também mostrou:
- 86% identificaram o diretor Financeiro e 66% identificaram o diretor de Compliance como as principais partes interessadas internas responsáveis por dirigir o desenvolvimento de programas anti-suborno e corrupção
- 48% dos entrevistados não realizam auditorias de terceirizados, e apenas 34% dizem que fornecem treinamento a eles.
- 29% dos respondentes estão mais preocupados com as responsabilidades pessoais do que em anos anteriores
Veja mais informações da edição 2016 do ABC Report em: http://info.kroll.com/2016-abc-report