Os chineses têm percebido o Brasil como grande oportunidade para investimentos, devido ao cenário político-econômico aliado ao preço atraente de ativos nacionais, além da abundância de recursos naturais e ao tamanho do mercado consumidor que temos aqui.
Inicialmente os interesses eram focados apenas em recursos naturais e alimentos para abastecimento do mercado interno chinês, mas desde 2014 o Brasil é visto como relevante plataforma de crescimento para a indústria chinesa escoar sua produção e excedentes. A Kroll ainda analisa que, assim como crescem as cifras trazidas pelo gigante asiático ao país, muda-se o tipo de investimentos, tem se intensificado a preocupação com os riscos oferecidos em negócios locais.
É fato que junto com a ampliação e diversificação de investimentos, evoluiu também a atenção com conformidade e políticas anticorrupção. A prova disso é o aumento na procura por FCPA (Foreign Corrupt Practices Act) due-diligence por clientes da China com interesses em nossa região.
Esse movimento não se restringe apenas ao fato de muitas operações envolverem ativos de empresas listadas em bolsa, relacionadas na operação Lava Jato ou vinculadas a estatais. Para a Kroll, isso se dá por uma disposição crescente do governo chinês nos últimos anos em implementar programas anticorrupção no país. A tal disposição ajuda a explicar um segundo ponto de atenção bastante observado, que diz respeito a questões trabalhistas e ambientais, onde os chineses buscam entender como atuar no Brasil sem ferir códigos nesses dois âmbitos, tendo em vista as grandes diferenças entre as legislações chinesa e brasileira.
Já o terceiro fato se refere a dúvidas quanto ao surgimento de políticas protecionistas após o pleito presidencial em 2018, alterando o contexto hoje propício a novos entrantes no mercado nacional. A conjuntura atual é bastante favorável a investidores que querem exportar tecnologia e comprar ativos de infraestrutura, por exemplo, mas a indefinição quanto às perspectivas pós-eleições tem inspirado cuidados entre os chineses. Esse foco em aquisições busca não apenas atender objetivos estratégicos chineses do ponto de vista social e econômico, mas também financeiro. E o setor privado na China tem ganhado mais importância para o governo, desse modo, surgem novos perfis de investidores, que se preocupam muito com a qualidade dos ativos em suas aquisições e participações societárias.
Esse maior senso de oportunidade com vista a retornos cada vez mais competitivos com certeza traz reflexos ainda mais sensíveis em análise e soluções de riscos e consultoria investigativa. O que, em última instância, beneficia tanto compradores como vendedores.